Pela segunda vez na sessão desta terça-feira, o ministro Luiz Fux interrompeu o voto do relator, Alexandre de Moraes, para reclamar de uma intervenção feita por Flávio Dino durante o julgamento da trama golpista. Segundo Fux, os integrantes da Primeira Turma haviam combinado previamente que não haveria comentários enquanto um dos magistrados estivessem votando. O episódio evidenciou a tensão envolvendo a análise da ação penal que tem o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados como réus.Não foi o que combinamos naquela sala ao lado — disse Fux, referindo-se ao local em que os ministros se reúnem antes de entrarem no plenário da Turma. — (O combinado foi que) Os ministros votariam direto sem intervenções de outros colegas, muito embora foi muito própria essa intervenção do ministro Flávio Dino, mas eu gostaria de cumprir aquilo que nós combinamos.
O presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, então, afirmou que, neste caso, a intervenção havia sido “autorizada” por Moraes, que assentiu.
— O pedido (de intervenção) foi feito a mim, não ao senhor — retrucou Moraes.
— E eu tranquilizo que não pedirei (aparte) de vossa excelência. Pode dormir em paz— completou Dino.
O relator falava das blitze realizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia do segundo turno das eleições de 2022 quando Dino, ex-ministro da Justiça, reforçou que a ação teve como finalidade coibir que eleitores deixassem suas casas para votar. A intervenção do ministro reforçou o raciocínio de Moraes, que trata o caso como mais uma evidência de ato executório de uma tentativa de golpe.
Fux, por outro lado, tem feito contrapontos a Moraes durante o processo da trama golpista e já indiciou que deve discordar em alguns pontos, como em relação à delação do tenente-coronel Mauro Cid e a separação dos crimes de tentativa de golpe e tentativa de abolição do Estado de Direito
Nenhum comentário:
Postar um comentário