À frente do colegiado, o ministro vai pautar e organizar o julgamento das ações penais dos demais grupos da tentativa de golpe, que já estão em fase de conclusão. No fim de agosto, o ministro Alexandre de Moraes abriu prazo para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e as defesas dos réus do núcleo integrado pelos “kids pretos” apresentassem seus argumentos.
O mesmo procedimento foi adotado na semana passada no caso do grupo conhecido como “operacional”, que tem como alvos nomes como o ex-assessor presidencial Filipe Martins e o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques. A expectativa na Corte é que todos os núcleos sejam julgados ainda este ano, evitando que as análises se arrastem para 2026, ano eleitoral.Também estão na alçada da Primeira Turma os julgamentos dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e da antiga cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), por suposta omissão nos atos de 8 de janeiro. Ambos os casos já estão prontos para serem pautados. O processo envolvendo a cúpula da PM-DF chegou a ser marcado para agosto no plenário virtual, mas foi posteriormente retirado.
O colegiado ainda poderá julgar, mais para o final do ano, a primeira ação penal que envolve suspeita de desvios de emendas parlamentares. São réus os deputados Josimar Maranhãozinho (MA) e Pastor Gil (MA), além do suplente Bosco Costa (SE), todos do PL. Eles negam as acusações. Esse processo, relatado por Zanin, está na fase de interrogatórios. É o mais avançado entre dezenas de inquéritos envolvendo emendas, sob diferentes relatorias, que foram abertos no Supremo nos últimos anos a pedido da PGR.
Impacto político
Além de julgamentos que ainda vão acontecer envolvendo congressistas, Dino tomou na semana passada duas decisões com impactos políticos. Na quinta-feira, o ministro abriu um novo inquérito contra Bolsonaro com base no relatório final da CPI da Covid, que aponta omissões e condutas do ex-presidente durante a pandemia. A medida reacendeu a tensão com aliados do ex-mandatário e foi interpretada como um movimento de endurecimento por parte do magistrado. Ex-ministro da Justiça do atual governo Lula, Dino é alvo frequente de críticas da militância bolsonarista e do próprio ex-presidente.
No dia anterior, Dino também avançou na discussão sobre a transparência das emendas parlamentares ao preparar o julgamento do tema no plenário do STF. A decisão veio após a aprovação, pela Câmara, da PEC da Blindagem, que estabelece a necessidade de aval do Congresso para a abertura de processos criminais contra parlamentares. Dino é o relator de uma série de ações que questionam o mecanismo de repasse das verbas e, desde que herdou os processos, tem exigido uma série de explicações e imposto medidas que parte do Congresso enxergar como rígidas, o que tem gerado atritos com o Congresso.
A avaliação de interlocutores do Supremo é que essas apurações devem ganhar ainda mais força até o final do ano, à medida que as investigações avancem. Com isso, Dino deve rivalizar em protagonismo com Moraes, consolidando-se como um dos nomes com mais espaço na Corte em meio às discussões sobre os limites entre os Poderes e a responsabilização de autoridades envolvidas em atos antidemocráticos.
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